Fuseta e Ílhavo ficaram unidas no passado sábado (18 de maio de 2019) por um protocolo de geminação assinado pelos presidentes da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta e da Freguesia de São Salvador de Ílhavo, em cerimónia que se realizou no auditório da junta de freguesia desta localidade do distrito de Aveiro e que contou com a presença de cerca de uma centena de habitantes da União de Freguesias, incluindo antigos pescadores da pesca do bacalhau, que foi o principal elo de ligação entre as duas localidades piscatórias.
«Na génese desta amizade entre as populações das duas freguesias está a pesca do bacalhau na Terra Nova. Desde o séc. XIX que se estabeleceu entre os pescadores da faina maior oriundos das duas localidades uma relação cordial e afetiva, que será perpetuada com este protocolo de geminação, sedimentando assim os laços de união e de coesão entre as nossas comunidades.», referiu Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, que também prometeu empenho em «desenvolver e aprofundar as relações entre as duas freguesias, porque acreditamos que este protocolo vai traduzir-se em benefícios efetivos para os cidadãos que representamos, promovendo o intercâmbio sociocultural e desportivo, através da realização de ações e projetos comuns.». Manuel Carlos crê ainda que serão abertas novas portas para o turismo, contribuindo assim para o desenvolvimento dos dois territórios.
«Um momento importante para as duas freguesias», salientou João Campolargo, presidente da Freguesia de São Salvador de Ílhavo, desejando ainda que se «repitam outros momentos de encontro entre as duas freguesias e respetivas populações.». Foi Marques da Silva, investigador ilhavense, que abriu portas a esta geminação entre a Fuseta e ílhavo: «É um tributo às gerações anteriores», justificou.
A comitiva que viajou do Algarve teve oportunidade de visitar o Museu Marítimo de Ílhavo - que guarda muitas memórias da pesca do bacalhau - e o Museu da Vista Alegre, além de ter assistido à 2º Gala da Freguesia de São Salvador.
Em quase todas as ruas e casas da Fuseta e de Ílhavo existem memórias dos tempos da pesca do bacalhau nos mares do Atlântico Norte e a tripulação de muitos navios bacalhoeiros era constituída, sobretudo, por pescadores das duas localidades, estabelecendo-se então uma forte ligação de amizade e camaradagem, consolidada na dura tarefa da pesca à linha nos dóris e depois à noite a bordo do navio, nos trabalhos de preparação e conservação do peixe. Criaram-se assim laços de amizade, que mais tarde se estenderam também aos seus familiares.
O meio físico onde se situam as duas localidades também é semelhante, com zonas lagunares e os seus esteiros e sapais e em que a produção de sal e a sua preparação para ser comercializado, também é um ponto comum. As semelhanças estendem-se também aos mariscadores e viveiristas, que têm o seu ganha-pão nas rias.
O próximo encontro entre as duas freguesias está agendado para o dia 22 de junho, com a visita à Fuseta de uma delegação de Ílhavo, para um segundo ato desta geminação.
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